Os artigos que acompanham o crescimento dos nossos filhos ficam praticamente novos! Faz todo o sentido que circulem de mão em mão e se reutilizem até à exaustão. O planeta Terra não tem recursos que permitam desperdiçarmos esses artigos. Nem faz qualquer sentido!
É essa a missão do grupo Facebook Mães de Azeitão: reencaminhar a quem fazem falta todos os bens que lhe são doados, ajudando outras crianças a crescer com dignidade. Não forçosamente por carência ou por vulnerabilidade, mas também porque faz todo o sentido ajudar as famílias a uma gestão mais eficiente dos seus orçamentos, possibilitando-lhes mais qualidade de vida.
O Grupo nasceu em 2018, resultado da inspiração católica da sua administradora, da sua experiência de voluntariado, do seu trabalho enquanto enfermeira e da sua vontade de promover a circulação desses bens praticamente novos, tanto numa perspetiva de Economia Solidária, como de Economia Circular e de Partilha.
Mães de Azeitão assegurava, em 2022, uma média de 20 entregas por mês para as várias famílias que lhe solicitam apoio, reencaminhando carrinhos de bebé, cadeirinhas, banheiras, vestuário, brinquedos, livros, etc. Simultaneamente, chegam-lhe também muitos artigos para adulto através das doações que vai recebendo. Artigos esses que tendem a acumular-se, enquanto aguardam encaminhamento.
Em 2020, o projeto tinha começado uma parceria com outro projeto local, Eduardo's de Mãos Dadas, envolvendo-se na entrega de bens alimentares a famílias em situação de vulnerabilidade. Iniciou-se então um novo processo: tentar trocar os artigos de adulto, que lhe ficam das doações, por bens alimentares para completar os cabazes que distribui. É um processo que se está a consolidar lentamente, à medida que mais pessoas vão acolhendo e integrando nos seus hábitos o potencial desta ideia transformadora.
Entretanto, o movimento Azeitão Eco-consciente tornou-se também parceiro desta iniciativa, organizando trocas de roupa por alimentos no âmbito da Feira ECOol e da Festa do Manel da Horta. Os alimentos angariados são posteriormente distribuídos pelas famílias em situação de vulnerabilidade.
A solidariedade traz felicidade e alegria tanto a quem recebe, como a quem dá. Quem faz de coração, sabe que os ganhos maiores são afetivos e espirituais.
Também por isso, partilhar e trocar bens em segunda mão deve ser encarado com a dignidade que merece, quer como uma oportunidade de solidariedade, quer como uma das formas de transação mais antigas e válidas na História da Humanidade. Recuperar a tradição ancestral da Economia de Partilha é uma forma de reduzir a produção e a extração de mais matérias-primas. Produzir menos causa menos pressão sobre os ecossistemas e os recursos da Terra.
E é também uma solução para dar alguma folga financeira às famílias, para lhes devolver tempo para viver e para alguma qualidade de vida! É uma forma de economia que precisa de ser encarada com naturalidade e de obter o mesmo respeito cultural que todas as outras transações a que estamos habituados.